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O fechamento de uma empresa vai muito além do desemprego que gera!

Publicada em 10/06/2017 às 12h31

 Imagem: otempo

Crise é a palavra que mais se ouve nas redes sociais e a que mais se vê nos jornais. Ontem me deparei com a notícia veiculada no Jornal O DIA sobre o fechamento de uma rede de farmácias no Piauí, que culminou com a perda de cerca de 300 empregos diretos.
Quando se perde um emprego por alguma razão inerente ao próprio desempenho das funções pelo empregado, relacionado à baixa produtividade ou comportamento inadequado, por exemplo, a conformação pessoal se dá com mais naturalidade, já que a própria consciência reconhece as deficiências e/ou falhas. Porém, quando o desemprego bate à porta por conta de uma crise econômica, atrelada, além de outros fatores econômicos, aos desmantelos políticos e a uma corrupção institucionalizada no país, a dor custa muito a sarar e dessa dor surge a revolta e daí as consequências são imprevisíveis... O Estado precisa enxergar esse problema social!
Uma pena para as famílias destes novos desempregados, um prejuízo incalculável se se considerar o abalo psicológico que se sofre quando se perde a sua única fonte de renda, muitas vezes sustento de toda uma família.
Mas o desemprego em massa ocorrido com o fechamento da rede de farmácias traz mais consequências, não afetando apenas o empregado e seus familiares: a sociedade inteira resta prejudicada. Explico.
Toda empresa cumpre uma função social, afinal gera empregos, movimenta a economia, estimula o crescimento, capacita os indivíduos, enfim, gera desenvolvimento, não apenas econômico, mas também social. A empresa gera, na verdade, um desenvolvimento social e econômico em cadeia.
De fato, a empresa fornece, por exemplo, vale transporte aos empregados, que utilizam o transporte coletivo, que já é realizado por outras empresas que empregam motoristas e mecânicos, dentre outros, que também adquirem peças e pneus, que são produzidos por uma indústria, que também emprega pessoas, e que adquire matéria prima de outras empresas, que também empregam, e assim sucessivamente...
Os empregados que foram demitidos da rede de farmácias que fechou as portas têm ainda filhos que estudam em escolas particulares, têm contas a pagar no comércio, contas que podem ter sido feitas no último fim de semana por ocasião dos dias das mães, contas em quitandas, têm aluguel a pagar, energia, água, enfim, contas que poderão não ser pagas, gerando também prejuízo para todas estas demais empresas que forneceram produtos e/ou serviços àqueles (des)empregados!
As empresas não estão isoladas no mundo, estão mais do que nunca conectadas, interligadas e quando uma é afetada pela crise, todas as demais também o são. Mesmo que umas mais outras menos, o certo é que ninguém está imune ao problema. Na verdade, o problema é de todos nós!
O Estado precisa enxergar esse problema social, repito, e adotar medidas que constituam também em salvaguardas para que as empresas possam superar as crises e com isso manterem os empregos, não permitindo que haja um desequilíbrio na cadeia a que me referi. O Estado precisa reconhecer a função social da empresa, precisar sair da sua conformação pública e burocrática e ir ter com o empresário, discutir seus problemas e soluções. O Estado precisa superar essa dicotomia público-privada e reconhecer que, na realidade, somos todos apenas um. O fechamento de uma empresa pode significar, e significa, muito mais que o desemprego que gera!

por CAMPELO FILHO

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